sábado, 17 de março de 2012

Capítulo 01 - Kalle Alfren

Abri os olhos devagar. O céu? O inferno? Não sei o que iria encontrar. Mas morto provavelmente estou, pelo menos depois de me afogar. Mas, o que eu vi foi diferente de tudo que esperava. O que vi foi um rosto. Uma garota, os traços delicados, pele clara e cabelo negro, com algumas mexas mais claras. Os olhos negros, como dois diamantes negros. Ela abriu um grande sorriso.

- Ele acordou! - ela exclamou, correndo em direção à alguém. Se mostrou das sombras, um garoto, a expressão séria e as mechas ruivas do cabelo balançando como fogo. Seus olhos tinham um tom cinza morto. Ele sorriu desajeitadamente, parecendo que não fazia muito aquilo.

- Vamos, temos que fazer o ritual com ele. - o garoto saiu dali. A garota sussurrou um "sim" e se voltou para mim, indo pegar algo em uma estante. Era uma pequena maçã. Ela estendeu a mão para mim, com a maçã.

- Sou Kana Aoki. - ela sorriu. - E você é? - ela indagou, sorrindo docemente.

- Q-que lugar é esse? - não era o que eu queria dizer, mas foi o que saiu.

- Ah, certo. Aqui é o Refúgio das Casas. Somo... bem... somos descendentes diretos dos Elementais. - ela explicou, como se fosse normal e nada mais que isso.

- Você está louca. - eu disse. Mas ela balançou a cabeça. Estendeu o pulso e ali, como uma tatuagem, tinha o símbolo que parecia familiar para mim. Forcei minha lembrança , aquele era o símbolo de gêmeos.

- Não sou. E logo verá, mas antes, me diz o seu nome? - ela juntou as mãos, como em uma oração oriental e piscou para mim. Certo charme emanava dela.

- Kalle Alfren. - digo, não conseguindo tirar os olhos da garota.

- Kalle!! - ela se levantou, pegando a minha mão e me puxando para fora. - Vamos, temos que aprontar você.

- Me aprontar? - perguntei, curioso.

- Sim. - ela sorriu, me arrastando para fora do quarto onde estava. Saí e vi que a casa onde estava era negra. Lá fora havia 12 casas enormes, cada um de uma cor. Mais à frente, um salão enorme feito todo de vidro, dava para ver as pessoas dentro dela. As 12 casas estavam enfileiradas e na frente delas, grandes construções, parecidas com templos gregos. No fim da fileira dupla que é formado pelas construções, um enorme templo, de lá vinha sons interessantes. Me virei para trás e vi a casa Negra, emanando, de forma enigmática, proteção. - Lindo, não é? - ela falou ao observar minha expressão.

- Sim... - o "sim" mais morto do que eu esperava. Continuamos a andar, chegamos em uma das casas, enorme e cinza. A parede brilhava e parecia ser feita de prata. Quando entramos, alguma coisa pulou em mim. Senti algo afundando em minha carne, cortando ela de leve. Vi um ser com cara de lagarto, a pele brilhando e os olhos parecendo dois diamantes.

- Adam! - Kana gritou. Ele logo saiu de cima de mim e se enrolou nas pernas da asiática. - Desculpe, esse é Adamantino, nosso dragão. - eu quase grito "Mentira!", mas seria burrice. Eu estava vendo o ser bem na minha frente, parecendo um Labrador com cara de lagarto, escamas, garras e pequenas asas de morcego. - Espere aqui, já volto. - Kana subiu a escada que tinha no Hall e seguiu à esquerda. Pouco tempo depois voltou com uma capa preta. - Deve servir. - ela desceu apresadamente. - Vamos, daqui a pouco começa o pôr-do-sol. - ela me empurrou para fora dali. Realmente, o sol estava se pondo.

- O que vamos fazer? - perguntei. Em resposta, Kana jogou a capa para mim.

- Fique... - ela me empurrou, até um círculo, onde tinha os 12 símbolos do horóscopo. - ... bem aqui. - ela disse, se afastando um pouco. As pessoas começavam a aparecer, formando um círculo em volta de mim. Kana já tinha sumido. Aos poucos, pessoas com a mesma capa que eu foram aparecendo, formando um círculo menor à minha volta. Contei 12 pessoas ao total. Elas foram tirando o capuz, uma a um. reconheci algumas. A terceira era, sem dúvida, Kana, mas com uma expressão mais séria. O quarto era o garoto de mechas ruivas que estava no quarto. Quando os 12 tiraram o capuz, um ser se materializou. Não conseguia ver direito o seu rosto. Parecia borrado. Ele se aproximou lentamente, emanava algo frio dele.

Ele parou a poucos centímetros de mim.

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